top of page

A importância e os obstáculos da escrita acadêmica no ambiente universitário.

Entenda a importância de uma boa escrita científica e como ela impulsiona a produção de conhecimento.


ree

Artigos científicos, teses e dissertações são alguns exemplos do uso da escrita acadêmica no ambiente universitário. Ao chegar na faculdade, a redação que muitos aprenderam no ensino médio passa por uma transformação, torna-se mais formal, mais estruturada e cheia de regras específicas. Muito se fala sobre essa tal escrita acadêmica, principalmente sobre sua importância, mas a verdade é que muitos estudantes ainda não sabem exatamente o que ela é. Para grande parte deles, escrever academicamente continua sendo um desafio, desde o primeiro parágrafo até as normas que parecem não ter fim.


Para Maria Eduarda Marques, estudante do segundo semestre de Psicologia na UFMT, a experiência com a escrita acadêmica começou de forma conturbada. “A gente teve uma disciplina específica de produção de texto acadêmico, mas acabou ficando sem professor”, relata. Apesar disso, ela conta que teve contato com relatórios e outras produções específicas em diferentes disciplinas, e que os professores e monitores deram o suporte necessário. Ela também destaca que já havia tido experiências anteriores com esse tipo de escrita ainda no ensino médio, ao estudar no Instituto Federal. “Eu participei de projetos e precisei elaborar artigos, relatórios, então já cheguei com uma bagagem que me ajudou muito, principalmente com as normas da ABNT”, explica.


Diferente de outros estilos de escrita, como a narrativa ou a expositiva, a escrita acadêmica tem um objetivo muito claro: comunicar conhecimentos de forma clara, objetiva e fundamentada. Segundo a professora de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso, Vanessa Furtado, “a escrita acadêmica é uma forma diferente de produção textual, destinada a um público específico, que faz ciência. Por isso, ela segue normas e regras próprias, desde a estrutura da página até o uso do vocabulário técnico da área”. No caso da psicologia, por exemplo, ela destaca a importância de situar o leitor sobre a corrente teórica adotada, já que muitos conceitos, como o “inconsciente” e “consciente”, variam amplamente entre autores.


Ainda assim, a rigidez da linguagem científica não impede que haja espaço para abordagens mais criativas. A professora Elni Elisa Willms, da Universidade Federal de Rondonópolis, tem incentivado a escrita autobiográfica como ferramenta metodológica em suas orientações. Para ela, essa abordagem convida o estudante a se colocar como sujeito e objeto da própria pesquisa, promovendo uma jornada de autoformação. “É uma grande aventura se permitir viver a escrita acadêmica nessa perspectiva. Não acredito que seja a única vertente, nem a melhor, apenas uma possibilidade para a qual nem todos estão abertos”, afirma. Elni destaca que esse tipo de escrita estimula o crescimento pessoal e acadêmico dos estudantes, especialmente das mulheres, que passam a revisitar conceitos e crenças para se reposicionar no mundo sob outra ótica.


Maria Eduarda reconhece que a escrita acadêmica exige esforço contínuo. “Hoje em dia eu ainda tenho um pouco de dificuldade, tenho que pesquisar muito para escrever um bom texto”, confessa. Ela afirma buscar apoio principalmente na internet, utilizando vídeos, inteligência artificial e outras ferramentas para tirar dúvidas e se atualizar. “Eu espero conseguir ser mais objetiva, dominar melhor a ABNT e facilitar cada vez mais esse processo”, diz. Para ela, a escrita acadêmica não é apenas uma exigência curricular, mas um caminho fundamental para quem pretende se aprofundar na produção científica. “Quando eu decidi que queria Psicologia, já sabia que esse caminho me esperava. Ler artigos, estar em contato com a comunidade acadêmica, tudo isso é essencial.”


Apesar das muitas técnicas, a escrita científica pode estar aberta a novas formas de comunicação acadêmica, adaptadas a uma linguagem popular. A professora Vanessa Furtado comenta que "sempre há espaço para enfoques mais criativos". Para ela, é importante distinguir entre a comunicação voltada para a comunidade científica e aquela destinada à sociedade em geral. “Nem todo mundo precisa entender cientificamente um conceito. Acho que a gente pode, e deve, usar outras linguagens para comunicar o que produzimos enquanto ciência”, afirma. A docente também defende o uso de textos de opinião, crônicas ou artigos com linguagem mais cotidiana para dialogar com públicos mais amplos, sem abandonar a seriedade do conteúdo. “A beleza da ciência está nisso: é uma construção coletiva, feita por várias mãos, com diferentes formas de pensar e comunicar”, conclui.


Dicas da professora Vanessa Furtado:

Leia artigos científicos com atenção.

Não apenas ao conteúdo, mas também à estrutura. Observe como são organizados, como os argumentos são construídos e como as citações aparecem.


Entenda a importância das citações.

A ciência é uma construção coletiva. Citar outros autores é essencial para situar sua pesquisa dentro de um debate maior e dar legitimidade ao que você escreve.


Familiarize-se com as normas, mas sem pânico.

Conhecer normas como ABNT ou APA é importante, mas você não precisa ser especialista. Cada revista ou evento científico informa qual padrão adotar, siga esse direcionamento e consulte manuais confiáveis.


Busque apoio em materiais disponíveis na internet. Há diversos cursos e conteúdos online que ensinam, passo a passo, como fazer uma escrita científica, organizar um artigo ou estruturar um TCC.


Compreenda a estrutura dos textos acadêmicos.Um artigo científico, por exemplo, precisa de introdução (com justificativa), desenvolvimento (com metodologia, resultados, análise) e uma conclusão, que nunca é definitiva, já que o conhecimento está sempre em transformação.


Leia para escrever melhor.


Ler trabalhos acadêmicos de qualidade, como teses, dissertações e artigos, ajuda a refinar sua própria escrita e a entender os padrões exigidos pela comunidade científica.


Desvincule-se do senso comum. Um dos primeiros passos para escrever bem na área é justamente compreender como cada termo é tratado teoricamente.


Ao longo do mês de junho, a Liga Acadêmica de Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso (LAPSI-UFMT) explorou o tema da escrita acadêmica — uma habilidade fundamental para toda a trajetória universitária. Acompanhe nossas publicações no Instagram (@lapsi_ufmt) e em nosso site para saber mais sobre o tema do mês.



 
 
 

Comentários


bottom of page